A maior parte das candidaturas para vereador já nasce derrotada por falta de conhecimento dos candidatos sobre como usar o período eleitoral de forma eficaz. As candidaturas que vencem têm um ponto em comum: sabem o que precisa ser feito em cada semana do pleito.
Antes de prosseguirmos, é preciso abordar os diferentes tipos de candidatura para vereador e o que as diferencia é a finalidade. Uma candidatura pode ser:
- Regional – focada na melhoria de serviços públicos para uma determinada região;
- Temática – centrada na melhoria de uma pauta ou tema específico, independente da região da cidade;
- Ideológica – voltada para a defesa de ideais partidários conservadores, progressistas ou liberais.
É possível que uma candidatura a vereança seja mais de uma coisa? Sim. Mas será que a candidatura vai conseguir se mostrar decisiva em várias frentes a ponto de mobilizar o eleitor a decidir o voto? O que observo ao longo de mais de vinte anos na política é que quanto maior for a diversidade de pautas e mais espalhado for o voto, menor a probabilidade eleitoral.
Isso acontece por um motivo: na hora de escolher um representante, o eleitor quer escolher o número um da sua lista. Por exemplo, quando um morador de um bairro considera que precisa de um vereador para defender seus interesses, ele não quer dar o voto para o segundo ou o terceiro que mais tem afinidade com seu bairro. Ele quer o candidato número um! Então, um candidato que é o candidato da saúde, por exemplo, mas que não tenha vínculo com o bairro, não vai interessar para aquele eleitor.
O mesmo se aplica de forma contrária. O eleitor que quer um vereador para defender a melhoria na rede municipal de ensino, quer o candidato que mais conhece sobre o tema, que mais tem histórico e trajetória relacionados à pauta. Não vai dar o voto para o quarto que mais conhece a educação, nem para alguém que nunca teve nada na pauta, mas que apresenta uma proposta inovadora.
Para o eleitor de vereança, depois que ele escolhe o tipo de candidatura, credibilidade e pertencimento são pontos fundamentais na decisão de voto, e por esse motivo, quanto mais pautas ou regiões, menos fixação e confiança a candidatura terá.
Agora sim, após essa introdução imprescindível, podemos falar mais sobre
O que fazer durante as 7 semanas do período eleitoral.
Primeiro é preciso pensar em quanto tempo o candidato dedicará ao seu projeto. Quem só pensa em fazer campanha aos fins de semana provavelmente já está fora do páreo. O candidato precisa estar na rua seis dias por semana. Não recomendo todos os dias porque ninguém consegue manter o ritmo acelerado e ainda assim ser gentil e acolhedor. Chega uma hora que o cansaço bate. É preciso ter em mente que a campanha eleitoral não é uma corrida de 100 metros, mas sim uma maratona.
Primeira e Segunda Semana
Essas semanas são mais focadas em apresentar a candidatura em todos os meios, dando muita relevância para o uso de mídia social, com foco nos valores morais, história de vida e princípios que permeiam o candidato.
Os eleitores ainda não estão conectados com as campanhas. Quanto mais político tradicional um candidato parecer, menor a conexão. Vale usar testemunhais sobre o candidato, fotos e/ou lives com influenciadores regionais, histórias sobre a pauta ou região de trabalho, e um resgate da pré-campanha, incluindo momentos de fala na convenção.
Terceira à Quinta Semana
É a hora de falar sobre problemas e soluções. Quem está em mandato e vai para uma reeleição mostra como ajudou a resolver problemas. Quem vai pela primeira vez, mostra que conhece os problemas, que tem credibilidade para falar sobre eles, e que tem ideias para resolvê-los. Vale usar o modelo de conteúdo que ensino no Eu Vereador: problema, abrangência, solução, como a solução funcionará.
Recomendo pegar variações de público dentro do mesmo tema. Por exemplo, se o candidato fala sobre saúde municipal, tem como públicos: crianças, jovens, mulheres, adultos, idosos, funcionalismo, pacientes crônicos e outras variações. Para cada público, uma linha de comunicação.
Últimas Duas Semanas
Essas semanas são de pura adrenalina, em que é preciso mostrar que as pessoas “compraram” a candidatura. Vale fazer um repasse das principais propostas, mas incluir muitos apoiadores nas redes, bem como promover ações de expansão de público, como pedir para que as pessoas que o seguem marquem mais pessoas em uma determinada publicação.
Não pode esquecer de publicações essenciais como: “motivos para votar”, a colinha com número, reforço da necessidade de comparecer ao voto, e problemas que a candidatura resolverá.
O que coloquei acima é um norte para as campanhas, mas pode sofrer alteração de acordo com as características específicas de cada uma. O processo todo é trabalhoso, contudo, é o que pode determinar o sucesso, mesmo para candidaturas com pouco dinheiro e pessoas para operar. É uma questão de saber o que fazer em vez de achar que sabe tudo.
Recomendo também que fique atento as principais datas do período eleitoral para garantir uma campanha mais organizada.
Até mais.